Webpalestra sobre Protocolo Clínico da Raiva alerta sobre a importância de monitoramento constante

A Raiva é uma zoonose que possui quase 100% de letalidade, uma vez que os sintomas se manifestam. A transmissão ocorre por meio de contato com saliva de mamíferos infectados, a exemplo de gatos, cachorros e morcegos, os mais frequentes. Para tratar sobre a atualização do Protocolo Clínico da Raiva, a Secretaria de Estado da Saúde (SES), em parceria com a Fundação Estadual de Saúde (Funesa), através da Escola de Saúde Pública de Sergipe (ESP-SE), realizou, nesta quinta-feira, 12, uma webpalestra voltada a médicos(as) e enfermeiras(os) da Atenção Primária à Saúde (APS) e hospitais, coordenadores da Vigilância Epidemiológica e coordenadores da APS.

Foto: Guilherme Gouy

A vacinação de animais domésticos muda a epidemiologia da transmissão, determinando uma maior participação de animais silvestres nos casos notificados. Ao ministrar palestra sobre o Programa de Controle de Vigilância da Raiva, a médica veterinária e referência técnica dos Programas Estaduais de Vigilância e Controle da Raiva, Doença de Chagas, Leptospirose, Febre Amarela e Acidentes por Animais Peçonhentos/SES, Ana Paula Barros, abordou sobre a situação epidemiológica no Brasil e no mundo, bem como o panorama da vigilância.

De acordo com a profissional, é uma discussão extremamente necessária, uma vez que a doença mudou o perfil, visto que nos anos anteriores havia o cão e o gato como os mais importantes na transmissão. “Com a vacinação, baixamos esse nível. Hoje temos um cenário onde os últimos casos da raiva foram identificados em animais silvestres. Então, é muito importante o monitoramento desses animais para tentarmos combater essa zoonose fatal, uma vez que, nos cães e gatos, ela está controlada através da vacinação. Porém, como nos animais silvestres não existe vacina, é preciso o monitoramento constante, para evitar a propagação do vírus”, explicou Ana Paula.

O médico infectologista e diretor da Vigilância Epidemiológica da SES, Marco Aurélio Góes, alertou sobre como reconhecer o tipo de acidente, se foi leve ou grave, e que medida deve ser tomada, além da limpeza com água e sabão – ou seja, se é necessário tomar apenas a vacina, ou, além da vacina, tomar o soro (antirrábico). “Raiva é uma doença altamente fatal. Quando a pessoa acometida pela raiva sobrevive, fica com muitas sequelas. Por isso é fundamental que a gente faça esse atendimento antirrábico, conforme as bases científicas e o novo protocolo que está sendo aplicado no Brasil”.

Ainda segundo Marco Aurélio, com as mudanças recentes no protocolo nacional de atendimento, as pessoas que estão expostas ao risco, que tiveram contato com algum animal que possa transmitir raiva – cão, gato, mico, raposa, cachorro do mato, gato do mato, além dos animais criados para consumo (gado bovinos e gado equino) –, também podem ser afetadas. “Apesar de Sergipe não ter casos atuais de raiva, é necessário que a gente intensifique o cuidado, pois em caso de acidente antirrábico, as providências sejam tomadas de imediato”, disse.

O acidente antirrábico é de notificação compulsória. Toda pessoa que leva mordida, arranhão ou tem contato com a secreção de animais potenciais transmissores, precisa ser notificada, mas a conduta imediata é muito importante. “É necessário que os profissionais alertem as pessoas que passarem por algum risco, o primeiro ato é lavar a região com água corrente e sabão, por cerca de 15 a 20 minutos, pra tentar eliminar a presença do vírus daquela localidade”, ressaltou Marco Aurélio.

Assuntos abordados

Entre os assuntos abordados por Marco Aurélio estiveram: casos clínicos; conceito; agente etiológico; reservatório; modo de transmissão; período de incubação; período de transmissão; suscetibilidade, vulnerabilidade e imunidade; manifestações clínicas; sinais e sintomas dos casos de raiva humana no Brasil; complicações; Nomenclatura dos imunobiológicos utilizados na rede do SUS; volume da dose e local da administração da IGHAR (Imunoglobulina Humana Antirrábica) e do SAR (Soro Antirrábico); definição de profilaxia antirrábica humana em casos de agressões por animais silvestres; mamíferos silvestres; e definição de profilaxia antirrábica humana em acidentes por animais de produção.

O infectologista também explanou sobre profilaxia antirrábica humana em casos de agressões graves por cães ou gatos; definição de animal observável; administração da vacina antirrábica (inativada) na profilaxia pré e pós exposição; reexposição ao vírus da raiva; Procedimento utilizado na profilaxia de reexposição de acordo com a via de administração Intradérmica (ID) ou via Intramuscular (IM); profilaxia de pacientes faltosos; esquema para profilaxia da raiva humana pós-exposição – condutas em possíveis exposições ao vírus da raiva; condutas por tipo de exposição e animal agressor; e sínteses de atualizações.

Ana Paula Barros discorreu sobre taxas de mortalidade de raiva humana por tipo de animal; importância da raiva Silvestre; profilaxia antirrábica humana; profilaxia antirrábica humana pós exposição e espécie envolvida; registro de cães e gatos positivos para raiva – Brasil (1999 a 2021); epizootia raiva canina em Corumbá/MS e Ladário e caso de raiva humana; estratégias de vacinação massiva; registros de animais silvestres positivos para a raiva; registros de raiva em bovinos, equinos e outros animais de produção – Brasil; caracterização antigênica; registros de raiva em canídeos domésticos; boletim epidemiológico; e o panorama da raiva em Sergipe.

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Última atualização: 13 de maio de 2022 13:49.




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